10 de jul. de 2012

Como prender coisas no teto do seu carro

Como prender coisas no teto do seu carro

Quando você é o feliz proprietário de um carro próprio, cedo ou tarde vai querer transportar coisas no bagageiro. É o melhor jeito de levar objetos pesados, desajeitados ou itens que não cabem no porta-malas. Existem vários modelos de racks caros e sofisticados à venda, de marcas tradicionais como Thule, Yakima e até de marcas menores que eu nunca tinha ouvido falar, mas a verdade é que você pode muito bem carregar seu teto com coisas que queira levar em uma viagem utilizando apenas o bagageiro convencional do seu carro, além de um pouco de paciência e muitos nós firmes feitos nos lugares certos.

O ideal é que você tenha um carro que já possua um bagageiro, o qual você possa usar para amarrar suas coisas. Eles são ótimos por uma série de razões, mas principalmente porque eles lhe dão algo sólido para fixar com firmeza, fazendo com que a carga montada em seu teto não deslize pela carroceria. Também é possível amarrar coisas ao teto do carro utilizando um cobertor como acolchoamento, e alguns pedaços de corda com laços amarrados às pontas (para que você possa apertá-los com toda sua força, de modo que eles não se soltem quando você estiver indo a mais de 50 km/h). Eu tenho usado por anos tiras de nylon para amarrar tudo quanto é tipo de coisa, desde bicicletas e pranchas de surfe até móveis. Elas funcionam muito bem em veículos de vários tipos – um Fusca 1973, uma Toyota Hilux SW4 1987 sem bagageiro e minha perua Subaru 1986, com bagageiro de fábrica, entre outros.
Como sou um grande entusiasta das tiras de nylon – tendo utilizado esse método por tanto tempo sem problemas – inventei um teste para avaliá-las da melhor maneira possível, e decidi colocá-las à prova: dirigi até Bonneville Salt Flats, o deserto de sal no qual Gary Gabelich atingiu a velocidade de 1008 km/h com seu Blue Flame. Lá, com minha bicicleta atada ao teto de um lado, e a prancha de surfe de outro, comecei o teste. Normalmente a minha velocidade em estrada, especialmente quando estou com coisas no bagageiro, é de 120 km/h. Se eu for mais rápido do que isso estarei me arriscando a tomar uma multa, ou pior: derrubar meus pertences no meio do pavimento.
Então esperei chegar ao árido e salgado deserto para poder pisar fundo. Sobre a pista de sal, atingi uma velocidade que deixaria o Doc Brown – de De Volta Para o Futuro – orgulhoso:  88 milhas por hora ou 141 km/h. Não viajei no tempo nem nada, mas consegui provar a eficácia do meu modo de prender as coisas no teto do carro. Eu poderia ter ido até mais rápido, mas não queria saber exatamente em qual velocidade que as coisas começariam a despencar do teto. Simplesmente queria avaliar qual seria uma velocidade razoavelmente alta, e com a qual eu conseguisse ultrapassar demais veículos com facilidade, sem que minhas coisas começassem a cair.
De qualquer forma, meu método foi aprovado com louvor,  e o teste se mostrou um sucesso. Da mesma forma que o meio que meu avô usava para amarrar escadas ao teto de seu automóvel – utilizando pilhas de cobertor e cordões grossos – quando eu era criança, também funcionava. Abaixo, uma pequena cartilha que lhe explica como assegurar que sua bagagem fique firmemente presa ao teto de seu veículo. Lembrem-se: é melhor prevenir do que remediar. Sempre cheque duas vezes as presilhas, tiras e nós antes de colocar o carro em movimento. É preferível chegar duas horas atrasado a uma festa na praia do que arruinar suas amarras e deixar seus artigos esportivos esvoaçando a 120 km/h.
Vamos começar do começo. Você vai precisar de algum tipo de corda, ou, melhor ainda, tiras de amarrar ajustáveis. Se as pontas das tiras estiverem desgastadas, use uma faca afiada ou tesoura para cortá-las.
Para impedir que as pontas da tira ou da corda de poliéster/nylon se desgastem, queime-as com um isqueiro. Depois, use um pedaço fino de papelão – dobrado ao meio – entre seu dedão e o indicador para puxar a ponta chamuscada (não é nada legal ficar com plástico derretido grudado na sua pele). OBS: Isso não vai funcionar se você decidir usar cordas com fibras orgânicas. Elas vão pegar fogo rapidamente.
Em se tratando de coisas que você queira amarrar, você vai precisar de três – de preferência, quatro –  pontos de sustentação sólidos e firmes. Na foto acima, estou com o guidão da bicicleta firmemente plantado na barra horizontal do rack na frente, e o selim atrás. Logicamente, a magrela vai presa de ponta cabeça no teto do carro. Eu começo a tarefa prendendo a frente e a traseira da bicicleta de maneira apertada, amarrando ela às barras horizontais. Isso previne que a bike comece a mover-se para cima e para baixo durante a viagem.
O próximo problema a ser solucionado é o movimento lateral. Para isso, eu uso a ponta longa da tira (eu tenho um montão delas, porque ela é feita para amarrar três ou quatro pranchas de surfe ao teto de carros maiores) para amarrar, com nós firmes,  a manopla esquerda na barra horizontal do rack. Segurando a tira firmemente enquanto faço o serviço, dou várias voltas em torno da barra do rack e do guidão, atando os dois. Manter a tira retesada e lisa e dar várias voltas faz com que a fricção entre em ação e assegura que nada vai sair do lugar.
Novamente: segure a tira ou corda firmemente enquanto amarra tudo, para que você não precise dar um montão de nós. O próximo passo é puxar a tira para o outro lado, para firmar o meu terceiro ponto de sustentação.
Uma vez que eu tiver a manopla direita do guidão presa ao rack, eu faço um laço em volta dela usando a tira que acabei de puxar, e aperto bem, amarrando bem com alguns nós simples. Eles funcionam muito bem em tiras lisas, mas se estiver usando cordas arredondadas menores é melhor que faça nós mais elaborados e fixos.
Para prender a parte traseira da bicicleta, calço o selim junto à barra horizontal (que pode ser ajustada simplesmente por meio de uma rosca) e forço-o para baixo usando uma alça de prancha de surfe. Com toda aquela tira que sobrou, faço mais alguns laços na direção vertical, corto ela e faço um laço apertado em volta  da parte central das tiras para repuxá-las. Mais uma vez, encerro essa parte amarrando tudo com uma série de nós simples.
Se sobrar muita corda ou tira após tudo isso e você não quiser cortá-la, você pode fazer algo chamado nó corrente paulista (uma variante do nó corrente). Isso permitirá a você diminuir a corda sem embaraçá-la. Primeiro, faça um laço próximo ao local em que amarrou a tira de nylon. Aí faça outro laço em um ponto um pouco mais alto em direção à extremidade da tira. Basicamente, continue fazendo laços e puxando eles até que faça o último e acabe com o excesso de faixa. O resultado é algo parecido com o da foto acima.  Fica limpo e impede que pedaços soltos da tira de nylon fiquem chicoteando o teto, o que pode gerar barulhos assustadores a alta velocidades, se você não estiver acostumado a eles. Mesmo se estiver, lhes garanto que é bem chato.
Você pode ajeitar o nó corrente em algum lugar, de preferência em algum local onde ele não se desfaça. Normalmente eu meto ele abaixo de outro pedaço de tira, mas nas fotos acima coloquei-o embaixo do selim, o que garante que ele não irá ficar balançando.
Seguindo em frente, agora vou explicar como prender sua bagagem  com quatro pontas de amarras usando duas tiras de nylon.  Acima, usei minha prancha de surfe como exemplo. Mas outras coisas podem muito bem ser amarradas dessa maneira, como escadas, estantes, cadeiras, ou qualquer coisa que caiba fisicamente no teto de seu carro. Veja a foto acima. Esse é o jeito de como não fazer as coisas. Não use sua mão para manter as coisas no teto do carro. Elas vão cair.  Eu já vi isso acontecer.
A técnica de amarrar com quatro pontas também funciona com um pedaço de corda com um laço na extremidade, mas acontece que eu tenho – você adivinhou – uma alça de prancha de surfe. Primeiro, laceie a alça embaixo da barra do rack e jogue as pontas soltas sobre sua carga mais comprida.
Depois, puxe a ponta mais longa da tira sob a barra horizontal do rack do outro lado da prancha. Os dois laços irão segurá-la no lugar. Leve a de volta para o topo da prancha, onde você irá amarrar na extremidade curta da tira (ou da corda).
Se você optar por usar uma corda com laços, enfie a ponta mais comprida por meio do laço e depois puxe firme, amarrando ela na barra do rack. No meu caso, enfiei a extremidade comprida da tira através da presilha ajustável da extremidade curta e depois puxei firme.
A próxima coisa a fazer é cuidar do excesso de corda ou de tira. Eu particularmente gosto de dar mais uma volta em torno da barra do rack, depois dar um laço embaixo das tiras que estão prendendo meus pertences em cruz. Dessa forma, quando fizer o nó corrente, vou estar trazendo o conjunto todo de nós e tiras mais próximo, e mais firme.
Agora tenho a minha prancha amarrada em quatro pontos. O único jeito dela se soltar é se eu colocá-la muito na beirada da frente, o que faz com que a prancha fique no meio das lufadas de vento em alta velocidade. Ou então, se o rack do carro quebrar e se desprender do teto do veículo. A probabilidade é bem pequena de que qualquer um dos dois ocorra. Porém, por via das dúvidas, é melhor não arriscar: dirija devagar.
Lembrete:  Sempre confira o seu trabalho! Empurre as bagagens presas, balance-as, jogue para um lado e pro outro. Elas se movem quando você faz isso? Se sim, as tiras não estão presas suficientemente e você teria de ser um retardado se decidisse pegar a estrada assim mesmo. Como pode ver na foto acima,  isso é o que acontece quando as tiras estão frouxas e o vendo fica passando por baixo dos objetos que você está transportando no teto. Vi isso acontecer muito no sul da Califórnia (e consequentemente na Baja California, o pedaço mexicano do estado) : não é um bom jeito de se rodar por aí.
Se tudo estiver bem firme e preso, é hora de cair na estrada. Novamente, eu insisito: NÃO DIRIJA MUITO RÁPIDO! Você não apenas estará se arriscando a perder todos os seus pertences que estão no bagageiro como vai colocar a vida dos outros em perigo. Não seja um imbecil. Também é importante lhe avisar que, se você não possui um rack no teto do seu carro, pode optar por fazer da maneira que meu avô fazia: acolchoe o teto do seu carro com os cobertores e cordas mais grossos que encontrar. Amarre as cordas muito, muito apertadas e firmes sobre o teto e por entre as janelas ( elas entram por dentro do carro pelas janelas traseiras). Você vai precisar abrir as portas do carro para fazer toda a parte de amarração das bagagens, a não ser que tenha um daqueles carros animais que têm portas com janelas sem molduras.
Quando você não possui um rack no teto do seu carro, é importantíssimo ficar atento ao movimento lateral das bagagens. Você talvez tenha que dar alguns nós na tira/corda (que estará fazendo a função de rack) para que, depois disso, possa começar a criar mais pontos de sustentação. Se, mesmo assim, os objetos não ficarem firmes e balançarem muito para os lados, largue tudo ou compre um rack de verdade. Correr o risco nunca vale a pena nesses casos.

Fonte: Jalopnik
Disponível no(a): http://www.jalopnik.com.br
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