25 de fev. de 2013

Divertido e prático, Punto T-Jet resiste à 'caça' aos esportivos nacionais

Em segmento que costuma gerar desconfiança, ele tem bom custo-benefício. Porém, câmbio pede 6ª marcha e engates mais firmes e precisos.

Punto T-Jet teve visual renovado em meados de 2012 (Foto: Rodrigo Mora / G1)Punto T-Jet teve visual renovado em meados de 2012 (Foto: Rodrigo Mora / G1)
É raro, mas casos emblemáticos de relação custo-benefício podem vir de onde menos se espera. Geralmente atrelado a etiquetas de preços exorbitantes, o segmento de esportivos pode produzir pechinchas.
Os 406 cavalos do Chevrolet Camaro, por exemplo, são o máximo que R$ 203 mil podem comprar – geralmente, essa quantia dá direito à metade de potência. Já quem pensa num Citroën DS 3 de cara desconfia que o hatch francês abre mão de alguns equipamentos elementares – direção hidráulica, bancos traseiros ou quem sabe o estepe – para custar bem menos que Audi A1 Sport e Mini Cooper S. Mas não: seus R$ 79,9 mil entregam os mesmos níveis de diversão ao volante, luxo e conforto que os rivais, que partem de R$ 109,9 mil e R$ 128,7 mil. E o melhor é que o “fenômeno” não é exclusivo dos importados.
Basta lembrar do Fiat Punto T-Jet. A versão esportiva do hatch foi lançada em 2009, um ano e meio após a chegada do Punto ao mercado nacional, por R$ 59,5 mil. Em meados de 2012, passou pela primeira renovação, que lhe deu novo visual e o inédito DNA. Em resumo, ficou mais bonito e equipado. Deveria ter encarecido, mas ficou mais barato: R$ 56.820.
Não é preciso dizer que ver o T-Jet na rua é evento raro. Completo, chega a salgados R$ 68.229, preço de hatch médio. E o tal hatch médio até pode acompanhar o T-Jet com ar-condicionado digital, sistema de navegação (o do Punto é bem simplório, aliás), comandos do rádio no volante, sensores de chuva e crepuscular, mas dificilmente terá airbags laterais e de cortina e teto solar panorâmico. E, menos ainda, o carisma desta versão, que invariavelmente cola no seu dono a imagem de consumidor que gosta de dirigir e compra seu carro sem qualquer amarra mercadológica.
Versão T-Jet tem acabamento acima da média (Foto: Rodrigo Mora / G1) 
T-Jet tem bancos esportivos (Foto: R. Mora / G1)
Visual
A caracterização do novo Punto está mais coerente com a proposta esportiva: saem as caixas de roda – dignas de um modelo Adventure – e assumem a decoração para-choques com um belo (mas inútil) corte nas laterais. Na traseira, um igualmente atraente e inócuo defletor carrega as luzes de ré, enquanto as lanternas agora trazem LEDs. As rodas também têm estilo mais agradável e a lateral ganhou uma faixa decorativa – obviedade entre os automóveis esportivos, mas que nesse caso é de bom gosto.
O Punto T-Jet continua a oferecer mais por menos na cabine. O painel de instrumentos, que já não era dos piores, ganhou velocímetro e conta-giros iguais aos dos carros da Alfa-Romeo – comparação que, considerando a aura de esportividade e estilo das quais a marca italiana goza, significa mérito. O volante ganhou apliques em alumínio e melhorou a já boa pegada, graças à troca do revestimento da peça, e os bancos reúnem acabamento, conforto e solidez ímpares na categoria.
O resultado visual e os elementos internos que diferenciam a versão T-Jet instigam o motorista antes mesmo de a 1ª marcha ser engatada.
DNA x OVB
A coroação do Punto T-Jet como esportivo amigável, prático e usável no dia-a-dia é o DNA, recurso que basicamente muda a sensibilidade do acelerador conforme o humor do motorista. No “A”, de autonomia, a resposta é retardada e o condutor passa a visualizar no painel, além de um econômetro, um indicador de troca de marcha, que sugerem um trato mais dócil com o acelerador. Em “N” (normal), o carro apresenta comportamento supostamente igual ao T-Jet anterior.
Já no “D”, de dinâmico, há uma relação mais direta com a borboleta, deixando o carro mais divertido e arisco. Mas não tão arisco quanto o botão OVB deixa o "irmão" maior Bravo T-Jet. O princípio é o mesmo: alterar opcionalmente o comportamento do carro. A diferença é que no Bravo o botão Overbooster eleva a pressão do turbo (que vai para 1 bar) e incrementa o torque para 23 kgfm, ante os 21,1 kgfm “originais”.
A intenção é boa, mas o resultado, ruim. A reação do acelerador é tão arisca que torna o Bravo T-Jet, originalmente um carro prazeroso de guiar, um automóvel cansativo, chato de ser domado. Portanto, se errou na dose com o Bravo, a Fiat se redimiu com o Punto, que sabe divertir sem irritar quando seu DNA está no D.
Erros antigos
No entanto, dois erros da antiga versão foram transferidos para o novo T-Jet. Não ter a 6ª marcha (como o Bravo T-Jet, equipado com o mesmo motor, tem) impede o Punto de ser tão bom na estrada quanto é num autódromo (ou num uso urbano mais atrevido). A 120 km/h sobra força ao motor, mas a rotação orbita em sonoros 3.500 rpm. Ainda assim, o consumo foi bom para um esportivo: 11,5 km/l de média.
Outra chance perdida pela Fiat foi a de deixar o câmbio do hatch mais preciso e com engates mais firmes. Recorrente a todas as versões desde seu lançamento, tal crítica foi ignorada. A excelente posição da alavanca em relação ao motorista compensa, em parte, o comportamento indigno de um esportivo.
Mas, no fim das contas, é pouco perto do que o Punto T-Jet oferece e, transferindo sua análise para a esfera moral, o que ele representa: a sobrevivência de esportivos nacionais e, sobretudo, acessíveis.
Fiat batiza essa cor de Amarelo Interlagos (Foto: Rodrigo Mora / G1)Fiat batiza essa cor de Amarelo Interlagos (Foto: Rodrigo Mora / G1)

Disponível no(a):http://g1.globo.com/carros

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